quarta-feira, outubro 25, 2006

Lula de novo coma força do roubo

Lula vai ganhar? Ainda acredito que a mesma patifaria que aconteceu na eleição em São Paulo em relação às pesquisas está acontecendo novamente.
Lula pode ter vantagem, sim, mas não toda esta que está aí. É muito mais fácil ele ganhar do que Geraldo Alckmin, é óbvio. Não estou jogando a toalha nem reconhecendo a derrota. Porém, só não digo que corto o dedo se o resultado for parecido com as pesquisas, pois não quero que as pessoas que não vão com a minha cara passem a utilizar aquela camiseta com os quatro dedos pensando em mim.
Trabalho em um departamento de estatística e já fui recenseador, em 2001. Porém, não entendo NADA de estatística. Não sei fazer conta de dividir com dois números na casinha e desvio padrão para mim é retorno em rodovia. A única pesquisa que posso fazer é que em minha casa Alckmin ganha com 100% dos votos, estatísitica essa que diminui a margem de erro quando conto a família de minha namorada e a casa da minha avó. De dez eleitores, paulistas, classe média, três aposentados (dois do serviço público), uma antropóloga, uma tecnóloga, dois profissionas liberais, dois funcionários públicos e uma estudante do ensino médio, dá Alckmin 100%, Lula 0%.
Respondi a duas pesquisas na vida. Uma no portão de casa, bem antes de período eleitoral, acho que em 1999, quando alguém me fez um monte de perguntas sobre o cenário político municipal. Outra na rodoviária de São Paulo, em 2002. Me perguntaram, candidamente: "O senhor (!!!) reside em São Paulo?". Como percebi do que se tratava, respondi prontamente que sim. Mas votava 235 km distante daquela rodoviária. Depois disso nunca mais. Pergunto: os institutos de pesquisa levam em conta as particularidades de cada região? No Rio Grande do Sul algumas cidades votaram mais em Alckmin do que na cidade natal do, digamos, presidente da República. Algum pesquisador analisa isto, ou vai a Porto Alegre, Caxias e Pelotas e considera pesquisado o RS?
Tenho um amigo de longa data, o Bruno, que estuda aqui e é um promissor estatístico. No alto do seu quarto ano de curso e com várias pesquisas realizadas (ele é do tipo de moleque que vai para a frente: se dedica ao que faz, é inteligente, é esforçado e nem por isso é o CDF e deixa de fazer as coisas que os jovens devem fazer, como namorar e jogar bola) me disse categoricamente: estas pesquisas são todas furadas, entrevistam em lugar de trânsito (lembrei-me da rodoviária) e utilizam metodologias defasadas, não levando em conta as produções acadêmicas da ciência que tortura dados até que estes confessem respostas.
Vou acreditar que quem votou no Alckmin no primeiro turno vai votar no Lula no segundo? Não, isso não dá para engolir. Alckmin carrega a si o voto daqueles que, como brilhantemente Reinaldo Azevedo já definiu, são dotados de: informação, decência e vergonha na cara, bastando uma das três. Eu na minha aspereza intelectual (não de ser polemista, coitado de mim que ninguém me lê, mas por ser xucro), já tinha definido o eleitor do Lula: ou é ignorante ou é mal-intencionado. Os ignorantes são aqueles com pouco acesso à informação ou pouca capacidade de interpretar uma notícia. São aqueles que pensam que Dossiê é um tipo de doce. Já os mal intencionados são os apaniguados do PT em máquinas estatais - o que se confunde com os filiados ao PT - e aqueles que são a pior raça de petistas: os não-filiados, aqueles que gritam aos sete ventos que "não sou filiado a partido nenhum, sou livre pensante", mas que coram ao ouvir alguém falar mal dos petralhas, gritam, mandam e-mails mal educados quando vêem seu carro ou sua foto no orkut com um adesivo ou insígnia do PSDB ou falam grosso quando dizem que é o primeiro governo que não veio dazelite e que cuidadospobre.
Gente, o Collor caiu por muito, muito, muito menos. Ladrão, e mereceu o que teve, e não quero relativizar a corrupção: corrupto merece cadeia, e ponto. Se a Globo, antigo alvo primeiro dos petralhas, fosse mesmo reaça e tucana como alguns ainda teimam em dizer, ainda que saibamos que a estes lhes falta cérebro ou vergonha na cara (é o esquema alí acima descrito), o Lula teria sido malhado como Judas em Sábado de Aleluia e o José Dirceu seria executado como o Nicolae Ceacescu.

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Notícia da década (transcrita do Estadão):

Lula pede votos para "companheira" Roseana

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva subiu na terça-feira num palanque da candidata do PFL ao governo do Maranhão, Roseana Sarney - cujo partido é o principal opositor do PT no Congresso e apóia o tucano Geraldo Alckmin para a Presidência. Durante discurso, Lula - um pouco tímido - pediu que maranhenses "por favor" votem na pefelista, que chamou de "querida companheira".
Lula disse no palanque que estava "cumprindo com um dever de lealdade". "Em política a gente tem que ter lealdade com quem é leal conosco. E essa mulher foi leal comigo desde a campanha de 2002", afirmou ele. "A gente conhece quem é um amigo quando a gente está na desgraça, quando a gente está doente. Quando é tempo de festa, todo mundo é amigo." Lula falou por 20 minutos.
O evento foi visto por militantes tanto do PT como do PFL - as bandeiras dos dois partidos dividiam a platéia. O PT do Estado é inimigo da família Sarney e não participou do evento - apóia o rival de Roseana no segundo turno, Jackson Lago, do PDT, que por sua vez tem o apoio do tucano Alckmin. Roseana poderá ser expulsa do PFL por causa da negociação por apoio do presidente.
Elite - Lula disse que tanto Roseana como o pai dela, o senador José Sarney, ficaram ao seu lado na crise do mensalão. "Todo mundo sabe o que uma pequena elite conservadora e raivosa tentou fazer comigo. Não fizeram porque eu tive gente com quem nem tinha muita amizade, mas que na hora do pega-pra-capar estava do meu lado, a nossa senadora Roseana e o senador José Sarney."