quinta-feira, junho 30, 2005

Canseira

Olha, eu estou bem tranqüilo estes dias, por isso parei de cornetar o Governo da Camarilha Stalinista. É tanta podridão que emerge de Brasília que realmente não sei por onde devo começar e fico perdido. A lama escorre pela rampa.

De qualquer forma, apesar do Parreira, sentamos o bordume nos "Hermanos". Sim, os argh!entinos são nossos irmãos, pois amigos a gente pode escolher.

De qualquer forma, disponibilizo o brilhante texto do não menos brilhante Reinaldo Azevedo. Leiam e reflitam:

E eis meu slogan:

FORA LULA, FICA ROBINHO!

"
MAS, AFINAL, POR QUE LULA QUERIA MAIORIA TÃO GRANDE ?

Grande obra, Luiz Inácio Lula da Silva! Os seus alunos, aqueles cientistas sociaisa quem a Excelência daria "aula de política", estão realmente encantados

Por Reinaldo Azevedo (site www.primeiraleitura.com.br)

Sugiro aos leitores - e hoje a internet facilita isso enormemente, embora os bancos de dados, muitas vezes, não recuem tanto - que voltem ao noticiário de 1994, quandoo PSDB fechou a aliança com o PFL. Vamos encontrar, claro, a crônica política algoescandalizada com o "ex-esquerdista" FHC se coligando com um "herdeiro da ditadura"e, obviamente, os petistas a denunciar o "pacto das elites" contra os interessesdos trabalhadores. Vocês sabem que petistas, quando decidem fazer análise, não perdoam ninguém. Esse pessoal tem uma língua implacável. É uma gente dura, de uma moralidade reta, sem concessões. Lula, então o grande líder de um partido socialista, continuava a buscar "alianças no campo progressista" para combater "adireita". Ah, o que seria de nós não fosse Lula combater a direita desde o tempo em que Golbery do Couto e Silva percebeu o valor que tinha aquele rapaz de SãoBernardo...
Pois bem, goste-se ou não daquela aliança feita por FHC, ela tinha como objetivo reformar o Estado - e, também nesse caso, pode-se achar que a reforma eraou não necessária, mas era o que ele se propunha a fazer. O PMDB, naquele primeiro momento, não aceitava a proposta; o PT se dizia de esquerda e queria era mais Estado. E então se fez a aliança com o PFL, embora, curiosamente, o partido não integrasse o arco de apoios do governo Itamar, de onde saía o candidato FHC, ungido como o ministro do Real. O PFL entendeu o que os petistas não entenderam então: aimportância da estabilidade da economia e seu valor como ativo eleitoral. Pois bem: havia uma aliança com um fim. Os méritos do que se fez podem até estar submetidos ao debate, mas não o fato de que a união tinha um propósito definido.
Voltemos agora ao presente. Por que é que Lula queria mesmo um arco tão grande de apoio no Congresso? Para fazer qual reforma e implementar qual mudança? Até hoje não entendi por que o presidente e o PT queriam uma base tão ampla. Esse "não entendi" é retórica. Entendi, sim, e já vou lhes contar por quê. E eles serão obrigados adizer que estou certo. E terão de confessar a grande burrada que fizeram ao cair na conversa de José Dirceu e José Genoino. Mas, antes, lembro ainda outra coisinha. Lula precisou de uma maioria grande para aprovar as reformas logo no começo do governo. Já ali encontrou problemas. Não fossem PSDB e PFL e seus votos em favor da reforma, elas não teriam sido aprovadas. E o fizeram, sabemos, sem queninguém lhes pagasse mensalão. Depois daquela rodada, tudo o mais que Lula propusesse precisaria de maioria simples. Ora, com o apoio inicial que obteve dePL, PMDB, PSB, PDT, PPS, PV e PTB, poderia tocar a vida com tranqüilidade seestivesse disposto a governar o Brasil por quatro anos e, dentro das regras dadas, disputar mais quatro. Mas é nesse ponto que entram a natureza do PT e sua vocação. É aqui que o Moderno Príncipe dá uma ferroada no próprio corpo e experimenta o veneno que a outros estava reservado. Por que o PT fez a bobagem? A explicação é simples. Lula e José Dirceu, juntos, começaram a cuidar da reeleição, os malucos, desde o dia 1º de janeiro de 2003. Dirceu, se entendesse o valor da democracia, e Lula, se entendesse de alguma coisa, teriam se esforçado para formar, com o PSDB ou partes dele ao menos, uma espécie de eixo de centro-esquerda para governar o país. Ora, o programa macroeconômico do adversário, eles já tinham roubado mesmo, e sua pregação pregressa já estava desmoralizada. Poderiam ter-se aproveitado do fato deque praticamente toda a mídia (a exceção, então, creio, era Primeira Leitura, ninguém mais) estava tomada de encantos com o ex-radical convertido ao mercado e ter levado adiante um governo segundo as regras corriqueiras da democracia representativa. Ah, mas isso não bastava, não. Para que tentar governar o Brasil direito durante quatro anos e tentar mais quatro depois? Era preciso ter um projetode poder para os 20 ou 30 anos vindouros. Quiçá um projeto eterno. Em vez deestruturar o governo, dedicaram-se todos eles a estruturar o partido. Sim, isso mesmo. Quando apontávamos aqui a constituição do PT como o Moderno Príncipe, acusavam-nos de exagero, de exercitar teorias conspiratórias. Poucos se davam contade que o PT tomava o lugar da República e que instâncias do Estado eram transferidas para a decisão partidária. É por isso que Delúbio vivia no Palácio, diz ele, como dirigente partidário. O ridículo é de tal sorte que um publicitário que trabalhava para estatais não tem vergonha de dizer que é "amigo" de Delúbio, como se amizade entre dono de agência e tesoureiro de partido, que estava na CUT até havia pouco, fosse coisa comum. Os dois que me perdoem. Não é. Deveriam satisfazera nossa curiosidade e explicar de onde nasce tanta intimidade e que interesses partilham, como em qualquer amizade.
Desde o dia 1º de janeiro de 2003, Dirceu, como apoio, anuência e conhecimento de Lula, atuou para tentar isolar o PSDB, em particular - e, junto com este, o PFL - da política. O primeiro movimento consistiuem mobilizar os partidos satélites para "roubar" parlamentares da oposição; o segundo movimento se deu quando, de posse do programa macroeconômico do partido derrotado nas urnas, se cunhou a expressão "herança maldita", fazendo tábula rasa da transição mais civilizada de um governo para outro havida na história republicana. Lula não queria governar o Brasil. Queria refundá-lo. Quantas vezes denunciamos isso aqui?A intenção, desde o primeiro momento, foi não deixar pedra sobre pedra da herança recebida, com a grande e monumental impostura de que, defato, nada se mudava de essencial. E, quando mudava, era invariavelmente para pior, a exemplo do que se viu na área social. A imprensa não cobrava nada. Aplaudia o fim da porra-louquice petista, isto sim. A oposição ficou um pouco aparvalhada, já que via, nos marcos gerais do governo, aplicado o programa que defendera até havia pouco; os petistas, exceção feita aos três expulsos, fazia de conta que era apenas uma acomodação tática até que chegasse o verdadeiro PT. A Rede Globo cantava as glórias de um sujeito que estava entre o cristo operário e uma espécie de yuppie das classes populares, mas com grife ideológica. E Lula nadava em suas prosopopéias, afogava-se alegre e faceiro em suas metáforas, ensinava, como dizia, humilde como sempre, os cientistas políticos a fazer e a pensar política. O Tirano de Siracusa de certo tipo de intelectual se esbaldava em suas obviedades e em sua política chinfrim.
Mas volto à pergunta: por que maioria tão grande? Se Dirceu e Lula fossem dois democratas, tentariam, dentro das regras, o tal eixo de centro-esquerda a que já me referi. Afinal, convenha-se: deve haver mais identidades entre, sei lá, um Alberto Goldman e um partido que se diz de esquerda do que entre Roberto Jeffersone esses notáveis "progressistas". Ou estaria eu errado? Mas não! Dirceu, o gênio político reverenciado, viu nos tucanos uma força que deveria ser destruída, isolada, esmagada. Para tanto, na linguagem de Jefferson, decidiram contar com asforças mercenárias. E então fazer a sua "maioria" no Congresso para, vejam vocês, rigorosamente nada que não fosse preparar o caminho da reeleição. E eis, então, a perdição do partido. E como se tentou garantir esse projeto "estratégico", como eles diriam, cheios de empáfia? Ah, com o apoio de luminares como o próprio Jefferson, Valdemar Costa Neto, José Janene, Pedro Henry, Pedro Corrêa, essa gente bacana que descobriu, de súbito, virtudes visionárias em Luiz Inácio Lula da Silva.
Como se pode ver, trata-se de uma verdadeira Sorbonne moral. Deu no que deu. Em parte se revela agora por que a eleição do presidente da Câmara resultou em Severino Cavalcanti. Está explicado também por que Lula escolheu o até certo ponto outsider Luiz Eduardo Greenhalgh para tentar retomar o controle da Casa, que havia saído completamente de qualquer padrão razoável, dados os métodos antes empregados para fazer aquela maioria. Não deu. Muitos eram os descontentes com as promessasnão cumpridas e "cheques em branco", mas também sem fundo. Na tresloucada tentativa de encabrestar todo o sistema político, o Moderno Príncipe contou com a ajuda e a colaboração da escória da política, os predadores do sistema, que sempre existem e estão ativos em qualquer democracia do mundo, não apenas na nossa. Ocorre que partidos que respeitam e acatam o jogo democrático sabem muito bem o que fazer com essa gente. O PT achava que podia usá-los para a consecução dos seus projetos e, na hora certa, livrar-se deles. Mas não se livra, não. Isso é como craca, senhores petistas. Gruda e não solta. Vejam a que ponto fantástico vocês chegaram. Lula corre o risco de afundar junto com os jeffersons, valdemares, janenes e mabéis naquele que seria o mais fantástico naufrágio da política brasileira em qualquer tempo. E tudo porque, em vez de governar o Brasil conforme prometera, portou-se, o tempo interiro, como esteio de um projeto maluco e regressivo de poder.
Agora, asituação é a seguinte: se Lula chegar ao fim do mandato e se o PT perder as eleições para alguém responsável, vá lá, haverá solavanco, mas temos saída. Embora o pós-PT vá ser necessariamente traumático: não temos a exata noção do alcance da desestruturação do Estado. Tentarão fazer da vida do eleito um inferno, com suas CUTs, MSTs, ONGs. Se Lula fica até o fim e ganha (e será, necessariamente, por uma margem estreitíssima), a crise começa no dia 2 de janeiro de 2007. Se tiver de sair antes (e não há, mesmo!, por que descartar essa hipótese), viveremos dias agitados, com um Congresso que estará, nessa hipótese, necessariamente conspurcado. Grande obra, Luiz Inácio Lula da Silva! Os seus alunos, aqueles cientistas sociais a quem a Excelência daria "aula de política", estão realmente encantados. "

5 Comments:

At 6:02 PM, Anonymous Anônimo said...

Tá se tornando chata e repetitiva a parte de política disso aqui, hein?

 
At 11:37 AM, Blogger Henrique Affonso de André said...

Desculpa-me, caro leitor... é que com o Santos fora da Libertadores e eu saindo pouco, só sobra inspiração para isso. E, além disso, as fontes pululam e o instinto fala mais alto...

 
At 1:39 AM, Anonymous Anônimo said...

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At 1:39 AM, Anonymous Anônimo said...

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At 1:42 AM, Anonymous Anônimo said...

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