quinta-feira, dezembro 02, 2004

Dinossauros

Poucas coisas são tão toscas quanto final de semestre. São professores terroristas, professores vagabundos, professores que dão nota apenas para se verem livres dos alunos, e, nesses meios, sempre há bons professores, que são, graças a D'us, maioria. Mas é triste ver a prostituição que alguns se submetem para ficar com nota maior. Se for o caso típico meu, que é a imploração por um simples 6,0 que, apesar de não ser glorioso como um 9,0 ou um 10,0, não deixa de RER e não reprova como um 5,8 ou um 3,1, tudo bem. E eu quero ver gol. Nota 6,0 é gol. Se for de chaleira (9,0) ou de bicicleta (10,0) vai levar à vitória da mesma forma que um de barriga (6,0)

Corro risco de perder o ano inteiro de língua espanhola devido a uma professora - originária do país vizinho a sudoeste do Brasil, internacionalemente conhecido por sua carne bovina saborosa e cheia de hormônios cancerígenos, pela arrogância e empáfia de seus filhos, e também por de lá ser a única esperança de salvação das baixarias as quais estão sendo submetidos uma certa raça de gente, inferior como os vizinhos, mas com a desvantagem de serem nossos conterrâneos e que gritam desconexas e blasfêmicas em estádios - que me disse hoje que minha prova de RER (Regime Experimental de Recuperação) está uma porcaria, em seu castelhano carregado do sotaque característico de seus pares. Uma boa pessoa que, infelizmente, trata a carreira do magistério como tratam os sargentos a carreira militar.

É triste ver que 95% de minha turma se forma agora e eu fiquei para a classificação de dinossauro, classificação esta originada em algum lugar que teve em tempos imemoriais um parecido comigo também atrasou o curso e alguem ser de mente brilhante teve a idéia de batizar a esses com o mesmo nome que os seres pré-históricos. Como consolo, há vários aspectos que fazem da carreira acadêmica algo além de batalha diária pelo conhecimento. Festas, churrascos, bebedeiras, gente nova todos os anos. E, para os dinossauros, categoria à qual eu passo em uma semana, há os fatos positivos de ser o mais velho, o mais experiente, o que sabe mais histórias, o que sabe como será e o que cairá nas provas de todos os professores (até mesmo porque há professores que não trocam nada além da data nas provas desde que a Letras da UFSCar é Letras), o que bebe mais e fica menos bêbado, entre vários outros.

Há aqueles dinossauros que pelo fato de serem mais velhos usam disso como motivo para não pagar e querer mandar em qualquer coisa que se faça. Não, não serei um destes. Como ainda serei um aluno, continuarei da mesma forma que sempre fui aqui por estas bandas de UFSCar. "E aí, beleza? Querem que eu dê uma mão", ou então "Quanto é? É R$ x? Beleza. Vocês vão comprar Crystal? É mais barata e é boa".

Mesmo assim, participarei dos eventos relativos à formatura. Sábado, por exemplo, vai ter o churrasco típico, e como já disseram, "quem catou, catou, quem não catou não cata mais". Não tenho esse problema. Mas, enquanto uns vão ao mestrado, outros saem do país por não haver suficiente campo, continuarei por aqui, indo em Tusca com camiseta de ano em que os bixos ainda estavam na sétima série e tentando passar com seis bola.

Até 2006.