sexta-feira, julho 29, 2005

A mesma praça, o mesmo banco...

quinta-feira, julho 21, 2005

As meninas direitas da rua da zona

Me espanta a cara de pau com que alguns petistas de grosso calibre vêm tratando a questão dos empréstimos. Como não soubessem! Meu Deus do céu, que partido do mundo que se diz organizado empresta R$ 40 milhões e apenas o tesoureiro fica sabendo, além do presidente e do secretário, que assinam o contrato?
Assim como fizeram os brasileiros de palhaços nas eleições, novamente brincam com a inteligência dos que têm um pouco de discernimento (o que, no Brasil, representa a minoria, infelizmente).

E alguns coitados, que não têm a hombridade e coragem suficiente para assumir foram traídos pelo partido que sempre defenderam cegamente, talvez por inocência, talvez por excesso de idealismo (e excesso de idealismo nunca será maléfico a ninguém), agora não dão o braço a torcer e preferem criar estratagemas para justificar a corrupção e a mentira que o PT comete.

Como fossem Tarso Genro, Nelson Pelegrinno, Ricardo Berzoini et caterva as meninas direitas da rua da zona! Acho que as bases petistas deveriam afastá-los, agora, por incompetência: como que membros da Executiva Nacional não sabiam de empréstimos tão vultuosos? Onde está o conselho fiscal do partido?

Mas foda-se os empréstimos, que estão desviando o foco, apesar de terem de ser investigados. A questão é: pagou-se MENSALÃO a deputados conservadores que formavam a sustentação do governo. Esse é o objetivo.

Esperar de Jéfferson Perez, Gustavo Fruet, Álvaro Dias e Heloísa Helena discursos moralizantes é esperado e natural. Mas petistas - que até outro dia se colocavam acima do bem e do mal - ouvirem de César Borges e ACM Neto tudo o que devem, e não terem condições de responder uma vírgula, é cômico. Para mim, que por oito anos fui defensor de um governo que o PT sem uma única prova tachava corrupto, é doce a vingança. Assim como está sendo doce a vingança da Heloísa Helena, que teve como acusadores em seu processo de expulsão Delúbio Soares e Sílvio Pereira. Heloísa, parabéns. Sabia que um dia você tripudiaria. A senhora era muito séria para estar no PT.

A questão é: como afirmara o Arthur Virgílio "O presidente Lula é burro ou corrupto. Na melhor das hipóteses é burro", creio que a cúpula do PT também ou é burra ou corrupta. Caso não soubesse das irregularidades cometidas pelo tesureiro e pelo secretário de organização do partido, é burra. Porém, como sabemos o alto grau de profissionalização e competência em organização partidária que salta aos olhos quando se fala em PT, desconfio que sejam corruptos. Ioseph Dirceu, Iosip Genoíno.

E o Lula, como principal beneficiário da compra de deputados, não saber o que se passa, como já afirmou o AV "ou é burro ou é corrupto".
Torço para que seja apenas burro (o que sabemos há muito tempo que é). Não quero que minha namorada, que está na Inglaterra, sinta mais vergonha do que já vem sentindo com todos estes escândalos.

Àqueles que pagam pau para os Estados Unidos: pelo menos estamos juntos com eles na condição de termos um presidente burro e estúpido. Até mesmo porque estamos em tempos de "é melhor falar besteira do que fazer besteira". O duro, presidente, é quando temos um que faz as duas coisas.

*********

Faz-me rir, Sílvio Pereira: Mesmo fora do PT, seguirei como um lutador social e um militante das causas populares. Estarei ao lado dos companheiros, especialmente nesta hora grave, quando as forças conservadoras se aproveitam de nossas fragilidades para debilitar o partido, sitiar o governo do presidente Lula e derrotar o projeto de democracia, desenvolvimento e justiça social encarnado pela esquerda.

Será que ele não percebe que o PT não é mais de esquerda, que ele é um ladrão, e que as "forças conservadoras" do País apóiam o ideário petista (PP e PL), e que as progressistas de verdade (PSDB, PPS e PDT) estão na oposição.


Piadinha:
Napoleão Bonaparte usava camisas vermelhas em batalhas, para que, caso fosse ferido, seus comandados não percebessem e continuassem a luta.
Hoje, duzentos anos depois, Lula usa calças marrons.

Alterado às 17h30min.

segunda-feira, julho 18, 2005

Levantai, hoje de novo, o esplendor de Portugal



O destino acabou por, de alguma forma, juntar os dois posts da manhã.

Com o RU fechado, o Aranha, que está em casa, falou: "Cebola, vamos num lugar que o Cigano me levou semana passada. Você vai gostar. É lá no Fagá".

O Maria Stella Fagá é um bairro operário de São Carlos. Vila de gente trabalhadora, tem baixos índices de criminalidade, comércio forte, ruas arborizadas... é um bairro de gente humilde, mas batalhadora.
No começo do bairro, várias rotatórias, comércios e um posto de combustíveis dão ao lugar uma boa aparência. Eis que, à esquerda, mostrava-se com letras garrafais "O Lusitano", e em caixa menor "refeições - chopp - petiscos".
Ele me explicou que, obviamente, era de um português, e que nós, homens direta ou indiretamente da literatura, e eu mais ainda devido às origens, iríamos gostar do local por um aspecto fabuloso: entre as bandeiras de Portugal e do Brasil, um Luiz de Camões enorme. Para mim, luso-brasileiro apaixonado pela obra de Camões, uma emoção fantástica.
Boa comida, preço justo e, como dissera numa das postagens anteriores, todos aqueles aspectos da casa portuguesa. Ou melhor, nenhum daqueles aspectos: nada de alecrim, nada de rosa no jardim, nada de pão e vinho sobre a mesa. Mas aquele sentimento da casa portuguesa, e aquela hospitalidade que só podem praticar aqueles que têm no sangue porções da água do Tejo, do Minho, do Douro e do Atlântico.

O dono, não conversei, pois estava atarefado. Era baixinho, careca, barrigudo e bigodudo. Lisboeta, aposto.

"Heróis do mar, nobre povo..."

RU Fechado


Textinho da página do RU da UFSCar...

"O Restaurante Universitário (RU) do Campus São Carlos serve almoço de segunda a sábado, das 11h15 às 13h30, e jantar, de segunda a sexta-feira, das 17h15 às 19 horas.
Ao entrar no restaurante, os usuários devem identificar-se. Os alunos de graduação e pós-graduação apresentam a carteira de estudante (a mesma da BCo) e funcionários e docentes a carteira funcional."

Então: posso pegar a funcional e a carteirinha de estudante e dizer à fiscal: "Escolhe!"

Ligo no 8703 (ramal do restuarante), pois havia boato de que ele não funcionária hoje. Uma gravação com voz de bexiga esvaziando diz: "Na semana de 18/07 a 22/07 o Restaurante Unvisersitário não funcionará devido a..." desliguei. Com o Aranha em casa, louco para relembrar os tempos em que comíamos até passar mal, nos intoxicávamos com salitre e bebíamos o suco para depois discutir de que fruta era (e a posterior soneca com babada no caderno nas aulas da Soila Schreiber da Silva), vou ter de encarar o SunCity, o Chiqueirinho, ou então alguma outra espelunca que encha nossa barriga de amido e proteína.

Por que a Maura ficou doente e não pode, além de arrumar a casa, fritar uns bifinhos e fazer uma salada para o Aranha e para o Cebola???

E quarta-feira, preparem-se: greve geral dos servidores das IFES. Eu, agora nos dois lados, tenho de engolir tudo o que dizia quando era um simples estudante que considerava as greves apenas um estratagema petista para desestabilizar o governo FHC.
Agora, percebo que era isso mesmo, quando vejo que os professores - 80% petistas - estão com perdas acumuladas de 28% e não entraram em greve durante o governo Lula. Só que os servidores técnicos e administrativos, meu caso, não ganham R$ 6 mil por mês e não engolem esse papinho comunista-burguês de governo democrático e popular. Quando os docentes se tocarem do embuste o qual foram atores, e fazerem com que a camisa que vestem não mais tape seus olhos, e quem sabe eles não voltam a lutar com a mesma avidez com que o faziam entre 1994 e 2002.

Ao Léo


Léo, muito obrigado por tudo. Será sempre um ídolo para todos nós. Só não posso desejar sorte ao Benfica, pois "lampiões? não, obrigado". Sporting Clube de Portugal! Mas sorte para você.
Sai pela porta da frente, diferentemente de um outro rapaz aí que atende por Robson.
Saiba que, quando quiser, pode voltar à tua casa.
E a tua casa é o Santos F.C.

Que Deus te abençoe Léo.

Lá, vais encontrar o seguinte:

Numa casa portuguesa fica bem
pão e vinho sobre a mesa.
Quando à porta humildemente bate alguém,
senta-se à mesa co'a gente.
Fica bem essa fraqueza, fica bem,
que o povo nunca a desmente.
A alegria da pobreza
está nesta grande riqueza
de dar, e ficar contente.

Quatro paredes caiadas,
um cheirinho a alecrim,
um cacho de uvas doiradas,
duas rosas num jardim,
um São José de azulejo
sob um sol de primavera,
uma promessa de beijos
dois braços à minha espera...
É uma casa portuguesa, com certeza!
É, com certeza, uma casa portuguesa!

No conforto pobrezinho do meu lar,
há fartura de carinho.
A cortina da janela e o luar,
mais o sol que gosta dela...
Basta pouco, poucochinho p'ra alegrar
uma existéncia singela...
É só amor, pão e vinho
e um caldo verde, verdinho
a fumegar na tijela.

Quatro paredes caiadas,
um cheirinho a alecrim,
um cacho de uvas doiradas,
duas rosas num jardim,
um São José de azulejo
sob um sol de primavera,
uma promessa de beijos
dois braços à minha espera...
É uma casa portuguesa, com certeza!
É, com certeza, uma casa portuguesa!

*Uma Casa Portuguesa, versos de Reinaldo Ferreira imortalizados por Amália Rodrigues, um dos símbolos máximos da portugalidade.


OLÊ OLÊ OLÊ OLÊ, LÉO, LÉO
OLÊ OLÊ OLÊ OLÊ, LÉO, LÉO
OLÊ OLÊ OLÊ OLÊ, LÉO, LÉO
OLÊ OLÊ OLÊ OLÊ, LÉO, LÉO

sexta-feira, julho 15, 2005

ARTHUR VIRGÍLIO

Pago pau para esse cara. Quando do uso do avião da Presidência para o Iosef Dirceu receber um título aqui em São Carlos - com matéria minha censurada por Marcos Santos, devido a seus interesses junto à Prefeitura Muncipal de São Carlos (aliás, quem hoje é o diário oficial do Município?) -, por graça do destino o jornal chegou às mãos dele. Percebendo a censura, comentou minha matéria, até zoou pois tinha uma informação errada, sobre o Chnaglia e a liderança que ocupava (Arlindo Chjinaglia, em um evento do PT no mesmo período, comentou que a União Soviética era modelo para a esquerda do mundo).
Quando a assessoria dele me ligou para pedir mais informações, juro que queria ter dito à sua secretária: "Por favor, fala para o Arthur Virgílio que eu pago pau pra ele".

Vejam o porquê:


O SR. PRESIDENTE (Flexa Ribeiro. PSDB – PA) – Concedo a palavra ao nobre Senador Arthur Virgílio, pela Liderança do PSDB.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB – AM) – Sr. Presidente, eu queria falar como orador inscrito, porque preciso de mais tempo.

O SR. PRESIDENTE (Flexa Ribeiro. PSDB – PA) – V. Exª terá o tempo que for necessário, Senador Arthur Virgílio, por vinte minutos, prorrogáveis.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB – AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador;) – Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ontem, perto de meia-noite, que é um horário muito apropriado à covardia, um horário muito próprio para quem se esconde na escuridão, um Deputado do PT, Sr. Henrique Fontana*, de maneira aparentemente suave, en passant, perguntou ao diretor-presidente da Skymaster* se essa empresa havia colaborado para minha campanha. Era meia-noite. Dizia-me agora o Presidente de meu Partido, Senador Eduardo Azeredo, que não repercutiu, ninguém está preocupado com isso, mas o problema meu não é se vai sair na imprensa, se não vai; sou eu que não agüento. Não desceu por minha goela, então, vai daqui para fora tudo o que estou sentindo no coração.

E o rapaz da Skymaster disse: “Não, eu colaborei com R$40 mil – foi o que minha esposa me disse –, pessoa física”. Não é verdade. Ele colaborou com R$50 mil, pessoa jurídica. Aqui está, Sr. Presidente, e peço que conste dos Anais do Senado Federal, a minha prestação de contas eleitoral: gastei R$1,6 milhão e tantos – é só somar tudo isso. Fiz uma campanha realista, caixa 1, fui buscar dinheiro aqui, dinheiro acolá, quem colaborou comigo está aqui, não faço nada caixa 2. Devo dizer que, em meu Estado, havia três candidatos com oportunidade de ganhar, um deles o Senador Jefferson Péres, meu querido amigo, que gastou R$149 mil. Não é verdade, S. Exª gastou muito mais, quem financiou sua campanha foi o Governador Eduardo Braga e quem financiou a campanha do Governador Eduardo Braga foi o Governador Amazonino Mendes, sabe-se lá com dinheiro de onde.

O Senador Jefferson Péres é um homem sério, acontece que os aviões não estão computados. Enfim, só estou querendo dizer que, para mim, chega de brincadeira quando se trata de mexer com algo muito sério, que é minha honra pessoal.

O Senador Bernardo Cabral, que perdeu a eleição, gastou R$400 mil. Isso é mentira. Gastou mais, porque, também, teve a mesma fonte de financiamento do Senador Jefferson Peres: o Governador Eduardo Braga, financiado pelo Governador Amazonino Mendes, que foi buscar o dinheiro sei lá onde. E vou repetir: sei lá onde!

O meu está aqui. Fui buscar empresas. Elas estão mencionadas aqui. Está tudo aqui, para constar nos Anais. Aqui está tudo que diz respeito às minhas contas. Quero isso tudo nos Anais. Quero que todos os Senadores ajam da mesma maneira. Quero um Diário do Senado só para mim.

Portanto, quero dizer algumas coisas aqui. Primeiro, o Tribunal Regional Eleitoral, Senador Eduardo Suplicy, considerou fonte vedada a doação da Skymaster, supondo que a fosse uma empresa concessionária de serviço público. Eu aceitei; o Tribunal aprovou as minhas contas, claro, dizendo que essa doação representava apenas 3.8% do total do que eu recebera. Então, não tinha nenhuma importância. O fundamental mesmo é que eu não fiz nada para que essa empresa subisse ou descesse na vida, nem fiz nada para que nenhuma empresa individualmente subisse ou descesse na vida. Eu não sou Sílvio Pereira! Eu não sou Delúbio Soares! Eu não sou José Dirceu! Eu não sou membro desse Governo corrupto do Presidente Lula da Silva! É isso que tem que ficar claro para começo de conversa, e para fim de conversa, e para meio de conversa!

Tenho aqui um parecer, que passarei a ler. Aliás, ele é enfadonho, mas é um parecer que prova que a concessionária de serviço público é a ECT. Ela é que não pode fazer doação. Uma empresa que presta serviço para ela, pode. Essa empresa, a Skymaster, fez isso, e o Tribunal entendeu que não devia ter feito. Aceitei, mas há um parecer que diz que pode, porque ela trabalha também com valores privados e é prestadora de serviços.

Aliás, o Presidente Lula, segundo a Folha de S. Paulo do dia 16 de maio de 2005, tem R$13 milhões em doações que ele não consegue explicar. Treze milhões de reais! Não me refiro a R$50 mil, mas a R$12.900,00 milhões: empreiteiras, coletoras de lixo e por aí afora. Coletoras de lixo, sim, são fonte vedada.

Era Prefeita a Srª Marta Suplicy, e as empresas que tantos escândalos protagonziram na prefeitura de São Paulo contribuíram para a campanha do Senhor Lula da Silva, sim!

Aqui, tenho o nome de mais uma empresa, prestadora de serviço, enfim. Tudo isso vai para os Anais.

O Senhor Lula não consegue explicar R$13 milhões da sua campanha! Vamos acabar também com essa história de que o Senhor Lula não sabe de nada. Até o meu filho de dez anos sabe! Ou ele é um completo idiota, ou o Senhor Lula sabe de toda a corrupção que se passou embaixo do seu nariz.

Todos estamos tendo paciência para levar o Senhor Lula até o último dia do seu Governo, mas todos sabemos que não é possível um dia a mais, depois de 1º de janeiro de 2007, termos uma figura, como Presidente da República que, das duas uma: ou é conivente com a corrupção, ou é um completo idiota, por não estar vendo tudo que se passa a sua frente. Então, estou dizendo aqui: na melhor das hipóteses, Senhor Lula, o senhor é um idiota! Na melhor das hipóteses! Na pior, o senhor é um corrupto!

Eu havia dito que viria falar sobre isso desta tribuna se persistisse essa tática cretina, corrupta, de o PT procurar se defender sem se defender, tentando atingir a honra de pessoas honradas.

Consigo defender o Senador Eduardo Azeredo com serenidade, mas não consigo me defender com serenidade, não. Comigo a coisa é muito diferente.

Então, Sr. Presidente, aqui está todo o arrazoado do Tribunal Eleitoral e o parecer do Ministério Público. Aqui está, por exemplo, por curiosidade, a prestação de contas do Líder Aloizio Mercadante. É uma pena que S. Exª não esteja aqui. Viajou. Liguei para ele, avisando que eu viria. Deixei mensagem na sua caixa eletrônica dizendo o motivo da minha vinda, e S. Exª me conhece o bastante.

Aqui estão as contas. O Senador Aloizio Mercadante recebeu ajuda de umas poucas empresas. O resto todo é doação de pessoa física. Ele alega...

O Sr. Eduardo Azeredo (PSDB – MG) – Senador, V. Exª me permite um aparte?

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB – AM) – Já concedo um aparte a V. Exª. Ele alega que recebeu dinheiro de pessoas físicas, enfim, e que sua campanha custou R$710 mil. A campanha do Senador Aloizio Mercadante não custou R$710 mil! Não é verdade, é mentira! Não é verdade que se eleja alguém Senador por São Paulo gastando R$710 mil. Não é verdade, como é mentira que Lula tenha perdido a eleição de 1998 gastando R$3 milhões. É mentira!

Ouço V. Exª.

O Sr. Eduardo Azeredo (PSDB – MG) – Senador Arthur Virgílio, quero, primeiro, dizer a V. Exª que a sua indignação é, sem dúvida alguma, muito justa, porque não é possível que uma defesa seja feita acusando-se os outros. E essa tem sido, infelizmente, uma incoerência entre a postura de alguns membros do Governo, que tentam trilhar o caminho do equilíbrio, e de outros, que tentam trilhar o caminho da provocação, o caminho da indignidade, como é fato em relação a V. Exª. V. Exª é um Líder aguerrido, mas é um homem que sabe muito bem o momento de ter a têmpera e o momento de se buscar o entendimento, que é o interesse maior do País. A sua indignação é mais do que justificada, porque a sua vida pública é marcada pela luta pelo direito, pela liberdade de imprensa, pela democracia, que vem do seu pai. Estou aqui, hoje, Senador Arthur Virgílio, inclusive pedindo para a transcrição um artigo da Professora Carmem Lúcia Antunes Rocha, de Minas Gerais, que é Professora, Advogada, ex-Procuradora do Estado de Minas Gerais no Governo de um adversário meu, que foi o ex- Governador Itamar Franco. Ela escreveu um artigo extremamente lúcido em um jornal de Belo Horizonte, no jornal Hoje em Dia(*), em que diz, em um certo ponto:



Não se há de permitir que a afronta aos princípios éticos sejam agredidos em detrimento da democracia. Essa se baseia na confiança do povo, nas instituições do Estado.

Nem se há, igualmente, de permitir que a agressão aos princípios de direito, tais como o devido processo legal, o direito à defesa, o direito à jurisdição sejam descumpridos em benefício do denuncismo, que faz com que baste gritar a culpa de alguém para que todos se ponham a favor da denúncia e contra o denunciado.



E ela conclui com esta frase: “Não saímos da Idade Média para cair na Idade Mídia”. Sr. Senador Arthur Virgílio, meu Líder – com muito orgulho sou liderado por V. Exª -, a sua indignação está correta. Precisamos que haja realmente um respeito maior nas relações políticas dentro do Brasil neste momento. Digo-lhe que a sua fala, o seu discurso aqui, hoje, tem razão de ser de revolta interna. Mas, Senador, precisamos de que o País realmente não seja precipitado, que não haja atitudes levianas, como, infelizmente, tem acontecido. Esta é a minha palavra a V. Exª, uma palavra realmente de apoio e, ao mesmo tempo, de chamamento, para que o País realmente não se deixe levar por provocações infantis, como infelizmente têm acontecido.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB – AM) – Obrigado, Senador Eduardo Azeredo.

Eu digo a V. Exª algo que me deixou muito envergonhado: eu estava vendo a reprodução da reunião da CPI dos Correios. E vi lá o Sr. Roberto Jefferson: um olho desinchado, o outro inchado, fazendo aqueles seus gestos teatrais, enfim. Havia alguns campeões da moralidade na CPI, e o Sr. Roberto Jefferson bota o dedo no rosto de todos eles; e todos o ouviram em silêncio e todos se acovardaram diante dele naquele momento. Ele dizia: “Não tem ninguém aqui melhor do que eu”.

Depois, pensei: “Meu Deus do céu, eles vão pra cima do Roberto Jefferson e vão triturar o Roberto Jefferson”. Nada! Elogios, elogios e mais elogios. Eu tive vontade de ir ao banheiro vomitar!

Se eu estivesse lá, Senador Suplicy, eu teria dito a ele: “Deputado Roberto Jefferson, V. Exª está colocando o dedo na cara de quem declarou 100 mil, 200 mil em campanha, mentindo. Não está apontando para mim, que obtive um milhão e aproximadamente seiscentos mil na minha campanha. Então, pegue um dedo seu e o ponha na sua própria cara, porque o senhor disse que a sua campanha é falsa; pegue o outro dedo e ponha na cara dos falsos, dos hipócritas deste Congresso. Mas não ponha nenhum dedo na minha cara, porque nem V. Exª nem ninguém põe dedo nenhum na minha cara”!

Esperei ouvir isso de alguém da CPI e não ouvi. “Não sou melhor nem pior que ninguém”, eu diria. Esperei que tivessem dito: “Dr. Roberto Jefferson, não estou aqui para me comparar com o senhor em matéria de melhor ou pior. Vou falar de diferenças. A diferença fundamental é que o senhor está sentado aí, no banco dos réus, e eu estou aqui, fazendo perguntas; o senhor está aí para responder, e eu estou aqui para perguntar”. Mas não disseram. Em vez disso, elogios, rapapés, bajulação, até direito à gargalhada final.

Fiquei muito triste com todos os membros da CPMI, com todos os Parlamentares que presenciaram aquela cena triste.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT – SP) – V. Exª me permite um aparte?

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB – AM) – Já permitirei a V. Exª um aparte.

Não consigo me ver com alguém botando o dedo no meu rosto daquele jeito. Mas não põe mesmo! Não põe a mão no meu rosto daquele jeito no cafezinho; no põe no elevador; não põe ali, na rua; não põe lá na CPMI; não põe o dedo no meu rosto de jeito nenhum!

Percebi o silêncio dos membros da CPI. Esse silêncio e essa covardia que deram a Roberto Jefferson essa tal credibilidade, ou seja, o que ele fala agora virou verdade. Se ele resolve dizer que a minha empregada não é séria, a minha mulher despede a empregada, porque o Roberto Jefferson falou que minha empregada não é séria. Se falar que a minha empregada é séria, minha mulher, que ia despedi-la, já diz: “Não vou despedi-la mais”, porque Roberto Jefferson virou árbitro. Meu não virou! Virou árbitro de um Governo que se acanalhou tanto que não consegue erguer os olhos até para alguém que é acusado de coisas tão graves, como o Sr. Roberto Jefferson.

Conseguem fazer essa covardia com o Senador Eduardo Azeredo, mas comigo não fazem. Se o fazem à meia noite, eu lhes respondo à luz do dia.

Uma covardia triplicada. Pareciam gueixas, pareciam mulheres desvalidas, pareciam solteironas arraigadas diante de um astro global. Todas, do sexo masculino e do sexo feminino! Todas sem exceção! Todas se curvando, se abaixando, diminuindo-se perante um homem que é acusado e que virou acusador, porque esse Governo sabe o quanto ele tem de culpa no cartório.

E eu volto a dizer: temos um Presidente que ou é um completo idiota ou é um corrupto também. Se permite esse tipo de atitude para se defender, é porque não tem como se defender; se é um idiota, o Brasil deve ficar muito atento, porque estamos sendo governados, no mínimo, por um idiota, que não é capaz de tomar conta das coisas.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) – Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) – Pois não. Ouço V. Exª, Senador, com muita honra, porque está mais do que na hora de V. Exª falar.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) – Primeiramente, quero ponderar a V. Exª que sua reação e suas palavras ofensivas ao Presidente não vão trazer serenidade.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) – Não, mas eu vou repetir todas as vezes: o Presidente, para mim, é um idiota ou é um corrupto, das duas, uma. Eu vou dizer sempre isso.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) – Pois bem. Quero discordar frontalmente de V. Exª, que sabe que o próprio Presidente da República solicitou que houvesse apuração em profundidade, por parte da CPMI, e pediu o equilíbrio e a serenidade de todos. Ainda há pouco, o Senador Eduardo Azeredo mencionou o testemunho do Ministro do Turismo, Sr. Walfrido, de que, na reunião ministerial, o Presidente Lula pediu que a defesa do seu Governo não fosse realizada com o ataque aos adversários. V. Exª foi informado disso pelo Presidente do seu Partido.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) – Até porque quem se defende desse jeito não quer justiça, quer cúmplices. Como disse o Dr. Ulysses Guimarães, quem se defende envolvendo outros, envolvendo inocentes, sem apresentar razões cabais, quer cúmplices. Respeito V. Exª, Senador, mas eu diria que o seu Partido, hoje afundado na lama, quer cúmplices. E repito: o Presidente da República ou é corrupto ou é idiota, das duas, uma. Eu prefiro, ainda, chamá-lo de idiota. É um elogio que faço a Sua Excelência e uma condescendência que tenho para com o processo democrático do País.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT – SP) – Eu gostaria, também, de ponderar que, sabendo que V. Exª faria esse pronunciamento, falei com o Deputado Henrique Fontana a respeito do que ocorreu ontem. Explicou-me ele que, naquele horário, por volta de meia-noite, estava inscrito para falar...

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB – AM) – Aquilo é horário de vampiro da saúde.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT – SP) - ... depois de seis Parlamentares do PSDB, os quais - pelo fato de o Presidente Lula, na sua campanha, ter recebido recursos registrados de uma empresa concorrente da Skymaster - estavam fazendo a ilação de que o Governo era corrupto e assim por diante. Disse-me que não formulou uma denúncia, mas que, sabendo que, no registro do TSE, havia aquilo que V. Exª acaba de dizer, perguntou se porventura a Skymaster havia feito alguma doação de campanha. O diretor da Skymaster negou, inicialmente, mas, como há o registro, que V. Exª aqui confirma, de que houve uma contribuição para a sua campanha, o Deputado apenas fez uma pergunta, não uma denúncia. Pela legislação eleitoral, isso é legal, é permitido e não há uma ilação de acusação a V. Exª. O importante, Senador Arthur Virgílio, é que aproveitemos esse episódio, essa crise política que atinge, em verdade, todo o Congresso Nacional e as instituições brasileiras, para determinarmos como procederemos, sobretudo no que diz respeito à reforma política. Informo a V. Exª que não me sinto atingido, de forma alguma, por aquilo que disse Roberto Jefferson. Eu não estava presente quando ele mencionou que todos agem inadequadamente.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB – AM) – V. Exª gastou quanto na sua eleição? Quanto custou a sua eleição para Senador?

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/ PT – SP) – Como?

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB – AM) – Quanto custou sua eleição?

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/ PT – SP) – Registrado, posso conferir.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB – AM) – Só pode ser registrado. Senão, foi caixa 2. Só pode ser registrado.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT – SP) – Registrado e de acordo com o que foi efetivamente gasto, da ordem de R$360 mil.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB – AM) – Desculpe-me, mas não acredito. Sou seu amigo fraterno, mas não acredito.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT – SP) – Pois bem.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB – AM) – Desculpe-me, mas não acredito.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT – SP) – Pois eu confirmo a V. Exª.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB – AM) – Sim, só estou dizendo que não acredito.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT – SP) – V. Exª poderá ir a São Paulo, quando lhe darei essa informação.

O Sr. Antonio Carlos Magalhães (PFL – BA) – Pergunta se houve outdoor, se houve impressos, etc .

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB – AM) – Impressos, outdoor, cantor.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT – SP) – Eu lhe digo tudo, mas, mais do que isso, V. Exª poderá comprovar. Primeiro, faremos um esforço aqui - espero que o meu Partido e o seu Partido - para que aprovemos o financiamento público de campanha, inclusive para que não haja mais a contribuição, sobretudo, de pessoa jurídica. Mesmo que isso, entretanto, continue a existir, assumo o compromisso com V. Exª de que poderá acompanhar, porque estarei registrando em tempo real, conforme o permita a Internet, toda e qualquer eventual contribuição à minha campanha. V. Exª poderá acompanhar os meus gastos, vir a São Paulo e examiná-los.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB – AM) – Senador, eu não vou lá. Eu não sou auditor, só não acredito. Desculpe-me, só não acredito.

Se V. Exª disser: “Eu sou um homem bonito”, eu direi: “V. Exª é um homem simpático, não é bonito”. Não acredito que V. Exª seja bonito. É simpático. Não acredito em R$300 mil para se eleger Senador por São Paulo, nem em R$700 mil, como afirma o Senador Aloizio Mercadante. Só não acredito; só não acredito.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT – SP) – Mas vou comprovar, se V. Exª quiser saber, se quiser ir a São Paulo. No próximo ano, haverá uma campanha e farei parte dela. Serei candidato se o meu Partido confirmar minha indicação, como parece que vai fazer.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) – Procure economizar e gaste R$180 mil na próxima.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT – SP) – V. Exª poderá examinar como será minha campanha para o Senado no ano que vem. Sabe quanto estou gastando? Estou gastando o trabalho realizado aqui, no cotidiano.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) – V. Exª acha que o meu não? V. Exª acha que não faço trabalho?

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT – SP) – Assim como V. Exª.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) – E eu tenho que gastar R$1,6 milhão? V. Exª acha que trabalha mais que eu?

(Interrupção do som.)

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT – SP) – Mas é o trabalho de V. Exª aqui.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) – V. Exª acha que trabalha mais que eu?

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT – SP) – Não estou dizendo isso.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) – V. Exª é melhor homem público que eu?

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT – SP) – Absolutamente.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) – V. Exª se acha mais correto que eu? Se acha mais honesto que eu?

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT – SP) – O que estou dizendo, Senador Arthur Virgílio...

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Vamos acabar com essa história, Senador!

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT – SP) – ... é que o trabalho de V. Exª aqui...

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) – Vamos acabar com essa história!

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT – SP) – ... o seu empenho, o fato de estar assumindo, na tribuna ...

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) – Ainda assim, eu tive que arranjar R$1,6 milhão para a minha campanha. V. Exª, que se acha, enfim, o supra-sumo da honradez...

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT – SP) – Não estou dizendo que me acho melhor que V. Exª.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) – ...no entanto, gasta R$300 mil!

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT – SP) – Mas é verdade!

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) – Que verdade, Senador! V. Exª é a última pessoa com que eu gostaria de travar debate, mas não é verdade. V. Exª sabe que não foi isso. Não é verdade!

É horrível o dedo daquele Roberto Jefferson. V. Exª deveria ter entortado o dedo dele e virado para a cara do Roberto Jefferson.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT – SP) – Eu não estava ali naquele instante em que falou isso.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) – O Roberto Jefferson não tem moral para ficar falando de ninguém daquele jeito. E falou para tudo que é bambambam do seu Partido, inclusive para o Deputado da meia-noite. Ele desmontou o Deputado da meia-noite. Desmontou o Deputado! Todos quietinhos, todos ouvindo, as vestais ouvindo, bonitinhas, o Sr. Roberto Jefferson dizer que todos eram hipócritas, que todos eram falsos e que não tinham gasto coisa alguma daquilo que declararam. Ele disse: “Eu próprio fui falso”.

Então, eu diria: o senhor foi falso, eles foram falsos, eu não fui falso. Eu gastei R$1,6 milhão na minha campanha, garimpando, dentro das regras dos jogo que estão aí, dinheiro com empresas que jamais me pediram qualquer coisa, neste ou em qualquer outro Governo, sobretudo naquele do qual fui Líder e Ministro.

Sou um homem pobre, Senador. Eu preciso buscar dinheiro, mesmo, em empresas, pelas regras que estão aí, porque sou um homem pobre. Sou homem público 24 horas por dia. Sou uma pessoa que falo com esta ousadia porque não admito – não admito! - que alguém venha a arranhar, nem pela insinuação mais covarde possível, o patrimônio que tenho, que é o da minha honradez e respeitabilidade. Isso não fica assim. Comigo não fica assim. Isso me transtorna. Mesmo.

Ontem, recebi um telefonema do Presidente do seu Partido, Sr. José Genoíno, agradecendo a lealdade com que me venho comportando com relação a ele.

Eu tenho procurado ser, nessa crise, um lado moderador. Eu tenho procurado ser, nesta crise, alguém que pensa nas instituições.

Sou homem de palavra e disse ao Presidente: “Presidente, pare com essa coisa de se defender atacando pessoas honradas ou eu vou voltar à tribuna e dizer que o senhor é corrupto”.

(Interrupção do som.)

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) – Então, estou dizendo: “Presidente, em benefício da dúvida, ou o senhor é idiota, Presidente Lula, ou o senhor é corrupto, porque não há uma terceira alternativa. O senhor está permitindo que esses seus meganhas parlamentares continuem agindo desse jeito.” Comigo não agem! Comigo não agem. Comigo é bem mais embaixo, mesmo. Não agem! Gosto de dizer isso porque a minha vida está à prova para qualquer pessoa que queira examiná-la.

Vai tudo para os Anais, essa porcaria toda vai para os Anais. Aqui estão as minhas contas; quem ajudou, quem não ajudou; o que o Tribunal pensa de mim, o que não pensa; por que essa tal Skymaster poderia ter-me ajudado ou não; e, mais ainda, vão as contas do Senador Aloizio Mercadante, que recebeu do Furlan R$20 mil - Furlan é um pão-duro; com toda aquela Sadia, só deu R$20 mil, em cheque.

Sou a favor do fim da hipocrisia. É uma pena que o Aloizio não esteja aqui.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT – SP) – V. Exª me permite, ainda, um aparte?

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB – AM) – Claro, claro, estou aqui; se deixarem, vamos continuar.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT – SP) – Não quero muito tempo, apenas sugiro que façamos o seguinte: V. Exª me convida para, um dia, eu ir a Manaus, no Amazonas, e eu o acompanho; V. Exª, um dia, vem comigo, acompanha-me e observará, nas ruas do Estado de São Paulo, de qualquer cidade, as pessoas se dirigindo a mim, dizendo que vão votar em mim no próximo período, sem que se precise gastar, senão a informação de que sou candidato e por que razão. Da mesma maneira como V. Exª que aqui se empenha todos os dias e batalha por seus ideais e por seus objetivos, também eu tenho procurado fazê-lo. Em função disso, quem é Senador tem a possibilidade de estar aqui dizendo o que faz, pelo que batalha e assim por diante, e tem as condições de se fazer avaliado por seus méritos e defeitos, pela opinião pública graças, sobretudo, à TV Senado, que é um avanço em relação ao que havia anteriormente. Apenas quero, aqui, deixar a recomendação que faço como amigo, como seu companheiro aqui no Senado. A ofensa ao Presidente não é construtiva. Isso não vai ajudá-lo.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB – AM) – S. Excelência é idiota ou é corrupto. Por enquanto, estou dizendo que S. Excelência é idiota. Agradeço a V. Exª.

Senador, eu obtive 60% dos votos no Amazonas. Na eleiçã, eu dei uma surra no Presidente Lula lá; dei uma surra no Governador do Estado. Tive mais votos que todos. Não pense que o tratamento que o povo do Amazonas me dispensa é diferente do que o povo de São Paulo dispensa a V. Exª. E olhe que eu não tenho seus dotes artísticos. O meu é só na política; eu não canto, é só na conversa, na política, no discurso e no debate. Estou aqui falando de algo que é muito sério para mim: não admitir esse tipo de ilação e não concordar com essa mania canhestra, culpada, corrupta do PT de procurar meter gente séria no seu lamaçal. Lamaçal do PT é corrupção do PT. Essa empresa Skymaster, se fez coisas equivocadas, foi no Governo do PT. É a segunda vez que tentou mexer comigo. A outra vez foi aquele Sr. Waldir Pires. É a segunda vez que veio mexer comigo: que eu devia para os cofres públicos, em um convênio de mil novecentos e não sei quantos, R$ 54,00, cinqüenta e quatro reais, uma coisa assim. De lá para cá, eu disse: “Ó, Sr. Waldir, o senhor não venha brincar comigo, porque o senhor não tem passado, futuro – imagino que, pela ordem natural das coisas, não tem mesmo mais do que eu –, o senhor não tem passado para me enfrentar, o senhor não tem coragem para me enfrentar!” A pessoa, para me enfrentar, tem que ter duas características: tem que ser, no mínimo, honrado e, no mínimo, corajoso. Se for só uma das duas coisas, não me enfrenta; se for as duas coisas, me enfrenta; se for uma e não for a outra, não enfrenta; se não tiver uma das duas, não me enfrenta. Então, não adianta.

Concedo o aparte ao Senadores José Agripino, ao Senador Antonio Carlos Magalhães e ao Senador Mão Santa. Depois, lerei uma história desse Governo corrupto e asqueroso do Governo Lula, que, para mim, ou é idiota ou é corrupto. Esse é o meu mote.

O SR. PRESIDENTE (Flexa Ribeiro. PSDB – PA) – Senador Arthur Virgílio, quero deferir a inserção dos documentos que V. Exª traz, nos termos do Regimento, e dizer que V. Exª terá todo o tempo necessário para defender a sua honrabilidade reconhecida por toda Nação brasileira.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB – AM) – Muito obrigado, Sr. Presidente.

O Sr. José Agripino (PFL – RN) – Senador Arthur Virgílio, V. Exª está brabo todo, e tem razão; tem razão. E vou dizer mais uma coisa: a indignação sincera – porque existe a indignação sincera e a indignação insincera – é reação natural dos honestos, que é onde todos nós temos V. Exª em conta. Fique tranqüilo, não se enerve não, não precisa nem trocar palavras ásperas com o Senador Eduardo Suplicy, porque o que está se passando – e estou preparado para a quota que vai chegar para mim, inevitavelmente – é que essa turma flagrada ou pilhada no malfeito e o pior ainda está por ser denunciado, eles têm consciência disso, o que já foi anunciado supõe-se ser café pequeno diante do que ainda vai acontecer, eles estão procurando criar antídotos, pílulas.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB – AM) – Neste Governo dá mais ladrão do que chuchu em pé de ribanceira.

O Sr. José Agripino (PFL – RN) – Houve duas pílulas esta semana – a de V. Exª é a terceira. A primeira pílula foi a truculenta invasão da Daslu. Que é um símbolo de desigualdade de renda, é claro que é: emprega pessoas. Mas eles procuraram invadir, truculentamente, com a Polícia Federal para dar ao País o recado de que o Governo da República é o Governo dos pobres, e que rico se trata no tacape, para se popularizar. A segunda, foi a dois aviões da Igreja Universal. Todo mundo, supõe-se, sabia que a Igreja Universal transportava valores nos seus aviões, há muito tempo, pelas justificativas que têm. De repente, flagram em dois lugares diferentes, para dizer que quem estava transportando era um Bispo do PFL. Atitude diversionista, claro. Como a Daslu, atitude diversionista a dos aviões. Agora a notícia curiosa envolvendo V. Exª. Chegará a minha hora também. Chegará a minha hora. Estão dizendo que V. Exª foi financiado pela empresa Skymaster, que não poderia ter contribuído para a sua campanha. É claro que pode. A Skymaster é uma empresa privada. Não sei se contribuiu ou não, mas se o fez, pode, porque ela não é concessionária de serviço público. É uma prestadora...

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB – AM) – Contribuiu com 3,8% da minha campanha, e eu não sabia. Conheço o rapaz até um certo limite e não sabia que ele ia conhecer o Silvinho ao longo de sua vida. Eu não sabia disso.

O Sr. José Agripino (PFL – RN) – Eu não sei se ele conhecia ou não. O que eu tenho certeza – e aí eu ponho a mão no fogo, e estou me arriscando, mas o risco, para mim, é zero –, eu tenho certeza de que V. Exª recebeu e contabilizou o dinheiro que a Skymaster lhe deu, eu tenho certeza de que V. Exª não retribuiu um real sequer dessa contribuição com nenhum favorecimento escabroso de situação parlamentar para essa empresa. Aí eu tenho certeza absoluta, e boto a mão no fogo. Talvez esse seja o grande desafio.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB – AM) – Agradeço-lhe, e reafirmo a sua certeza. É precisamente isto.

O Sr. José Agripino (PFL – RN) – Aí é onde V. Exª presta contas à opinião pública.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PFL – RN) – Essa empresa falou comigo zero vez, desde que eu me elegi Senador, e como Ministro, e como Deputado Federal.

O Sr. José Agripino (PFL – RN) – Claro. Eu boto a mão no fogo. Conheço V. Exª. Então, fique tranqüilo, Senador! Estamos num momento de provação. Nós estamos sendo colocados à prova. Hoje, é V. Exª, amanhã vou ser eu, e eu vou agir com a mesma indignação. V. Exª foi Prefeito de Manaus, foi Ministro de Estado, tem uma vida limpa. Eu até brinco com V. Exª: os seus ternos, as suas gravatas é tudo de qualidade que eu não diria padrão da Daslu. É homem de hábitos modestos e simples, porque é um homem com vida pública limpa. Não se preocupe, não, fique tranqüilo. Nós estamos num momento de provação e temos que topar a parada com serenidade. De qualquer maneira, a minha palavra de cumprimento e de absoluta e serena solidariedade a V. Exª, dizendo: nós somos companheiros de empreitada de passar este País a limpo, custe o que custar! Esta nos custando esse tipo de evento desagradável. Vamos em frente!

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB – AM) – Obrigado, Senador José Agripino. De V. Exª eu esperava mesmo esse gesto de fraternidade. E é bom que a gente ponha um cobro nessa gente. O cineasta Sílvio Tender diz – e foi para mim a melhor frase sobre o Governo Lula – que para ele é um horror este filme, com este enredo, com estes personagens. Eu estava acostumado com petista chato, com petista arrogante, petista evangelizador, petista cheio de proselitismo, mas petista corrupto é dose para leão. Choquei-me eu, chocou-se a imprensa, chocou-se o País. Eles querem gente perto deles e sem nenhuma acusação. Agora mesmo, disse o Senador Eduardo Azeredo que não é nem inteligente se chamar a atenção para um episódio para o qual a imprensa não deu importância. Mas que episódio? Não fui acusado de nada. Eu chamo atenção, sim, porque não aceito esse método.

(...)
Leia mais em:http://www.senado.gov.br/web/senador/ArthurVirgilio/default.htm

quinta-feira, julho 14, 2005

Papoula

Liguei no Ambulatório: "Oi, por favor, vocês têm um comprimido de morfina? Não estou agüentando minhas costas"

terça-feira, julho 12, 2005

4Fight, 4 Get Drunk, 4 Fun!



Vos trago o que a crônica esportiva escreveu sobre minha performance no jogo Durce4Fun 1 x 1 Santo Antônio, pelo Campeonato Interno do São Carlos Clube.

Durce 4 Fun. Nunca me diverti tanto e fiz tantos amigos como neste time! 4 Fun, 4 Fight e 4 get drunk! Jogamos contra o pior time do Campeonato, e empatamos. Com isso, mantivemos a honrosa colocação de penúltimo colocado.
Em uma agressão desleal e estúpida de um moleque de no máximo 16 anos contra meu companheiro Zé Eduardo, fiquei um pouco bravo e fui cobrar o moleque. Resultado: fomos os dois expulsos. Para meu espanto, o moleque começou a querer vir para cima de mim (sim, para brigar), falando que eu não o conhecia, que eu veria, que iria me matar (!!!). Em resumo, um mal criado que ainda vai tomar muito tapa na cara da vida antes de se tornar um homem.
O melhor resumo do jogo foi feito pelo zagueiro e futebol-judoca Fabrício Pergher:

"Achei muito legal esse "desafio ao galo"!!! pra mim foi muito 4fun, empatamos o jogo com 7 jogadores mais o goleiro, fora que até os pais do moleque entraram em campo, teve até o ippon, foi meio sem querer mas foi bonito.
Alguns perderam a cabeça mas é normal, é o primeiro ano do time que está em posição ruim no campeonato, e ninguém ali é profissional, o que interessa é não haver briga entre nós... a minha expulsão não foi por perder a cabeça, sou último homem, pingaiada e com 105 kg, só consigo segurar na falta mesmo.
Agora o Durce 4fun deve estar sendo notícia no colégio são carlos, oca dos corumins, educativa e em todas lan house de são carlos."

Segundo o mesmo Fabricio, eles vão me matar no Counter Strike e me dar garrafadas de Smirnoff Ice se qualquer dia eu for à Boatinha do São Carlos Clube. Sim. Brigamos com um time de meninos que nem título de eleitor têm.

Os textos estão em ordem cronológica inversa, de acordo com a ocorrência do autor. São constantes na Lista de Discussão do time, via email.


César Santos:
"Aprovo a postura do Cebola quando estávamos começando a tomar porrada, porém até o instante que ele ficou com sangue no zóio e queria mesmo brigar...aí ele/nós perderíamos a razão;"

"Só que têm o seguinte...ninguém mais vai poder falar/cercar ojuiz...têm que falar pra nós e nós comunicarmos de uma forma mais plausível...exemplo: Cebola ruminando e gritando: Juiz, ladrão...Vai tomar no cú..não foi falta !!!!@#$!@¨#%&¨!$¨&(*(*¨(#&*#%¨&$¨!!!!!!!"

"Grande Cebola...todos nós perdemos o controle...se um dia EU fizeruma cena dessas, por favor...vc me retribua a gentileza...Ainda vou falar pro guri o tanto que vc é gente boa, e ele vai ficarcom vergonha de ter brigado com vc...ou vai me incluir na lista dos próximos assassinatos de São Carlos !!!Abraço Brother !"

Maurinho:
"Acho que o Cebola fez muito bem de dar um esporro no muleque. Porra, "íamos" ficar tomando porrada até quando?? Antes do jogo, tínhamos combinado de fazer todas as faltas necessárias, mas de leve e sem machucar e sem tomar cartão. De repente, éramos nós a apanhar. Caralho!!! Fazer o quê???? Acho que o Cebola fez bem de pôr moral, e agradeço aos céus por ele só ter gritado, e não ter dado no moleque os cascudos que ele merecia. E o juiz com certeza exagerou, levou em consideração o tamanho, a cara de louco e (quem sabe?!?!) a fama do Cebola, senão nunca teria expulsado."

Zé Eduardo:

"Cebola, tem o lado positivo também ... obrigado por ter tomado minhas dores ... espírito de equipe é isso ai ... talvez da próxima um pouco mais "light" ... hahaha ."

Du Sampaio:
"Cebola, vc, com essa sua cara de pessoa normal, indo pra cima do moleque e gritando "VC BATEU NO MEU COMPANHEIRO!!!" fez ressurgir as suas atitudes de Luiz Augusto, onde vc abaixava as calças a cada gol que fazia..."

"Cebola, a sua molecagem nos propiciou muitas risadas na volta pra sao carlos(N.doR. São Paulo)!"

"Cebola... uma dica: www.engefort.com.br
Confesso que fiquei curioso pra saber quem era aquele moleque...Juka vc disse que a Vivian conhecia ele... quem é?? Parente do Beira-mar???"

Fábricio Pergher:
"Cuidado hein cebola, eles vão te pegar no Counter Strike e te dar um headshot!!! Fica uns 3 meses sem aparecer na boatinha do clube, senão vc vai tomar garrafada de Smirnoff Ice, mas esse cabelaço vai amortecer..."

Alex Gessner:
"Tivemos 3 expulsões: uma injusta (Kiko), uma justa (Fabrício:que aliás, se não tivesse feito a falta provavelmentea gente teria perdido o jogo!) e a do Cebola que incorporou 200% o espírito 4fight(...)

terça-feira, julho 05, 2005

Traidor? US$ 50 milhões, sem desconto.








Como pode fazer isso, Robinho? Em uma semana cagou em seis anos. Nos três primeiros, foi salvo da fome, da desnutrição e do final que muitos de seus amigos tiveram. Agora, com o rabo cheio de dólares, cospe no manto sagrado que lhe agasalhou. Não pode desrespeitar uma Nação. Assinou contrato, cumpre-o: paga o que deve se quer sair!


O SANTOS É MAIOR QUE VOCÊ!!! O SANTOS É MAIOR QUE TUDO!!!

sexta-feira, julho 01, 2005

Argh!araquara!

Hoje vou à Araraquara do fedor de bagaço de laranja. Atendendo a uma convocação de amigos queridos - Waldomiro Lourenço Neto, Caio Quiles, Breno Cabeção e Happy. Há muito tempo não vejo meus amigos de Monte Alto, sintoma do trabalho, e como o Breno lá estuda, e amanhã é seu aniversário, nada mais justo que andar os 40 abeçoados quilômetros que separam a Capital da Tecnologia da coloninha.

Odeio Araraquara. Me perguntam o porquê, e talvez não existe uma resposta plausível. Por que nós brasileiros odiamos a Argh!entina? Por que nós paulistas odiamos o Rio de Janeiro? Ainda que nestas três rivalidades a vantagem esteja comigo (Brasil é melhor que o país vizinho, São Paulo é melhor que a vergonha do Brasil e Sanca é mehlor que a vila dos trabalhadores da Lupo e da Cutrale) eu acho importante que estas rivalidades sejam fomentadas. Outra que me lembrei: como montealtense, odeio Taquaritinga. E como federupa, odeio a USP/Caaso.

Lembro que quando a Laís foi nascer em Monte Alto - já morávamos em São Carlos - , o carro do meu pai quebrou em Ibaté. Uma história longa, muito longa. Meu pai foi correndo até o Posto Nossa Senhora de Aparecida, ligou para seu finado sócio Sidnei Júnior e este como um anjo foi até lá e emprestou um carro para que seguissemos viagem. Isso com minha mãe tendo contrações. O fato é que com a bolsa da minha mãe estourada, e eu e a Mariana no banco de trás do carro, saímos dos limites de Ibaté em um Voyage e eu e meu pai desesperados: "Mãe, segura aí que araraquarense não vai ser!" e corria. Chegou em Matão relaxou, tudo bem, seria um acidente de percurso que contaríamos rindo à Laís no futuro. Mas quando chegou aos limites de Taquaritinga, novamente o desespero: "Aurinha, segura que taquaritinguense pé vermelho não vai ser". Passando a fazenda São Sebastião meu pai falou: "Pronto Aurinha, agora já pode nascer".

O que motiva as rivalidades entre os povos? Tamanho, progresso, futebol, mulheres... pode até ser. Mas creio que não é só isso. Aliás, é algo muito mais subjetivo que essas coisas aí, que são mais conseqüência que motivo. O fato é que o ser humano tem a necessidade inconsciente de, ao fazer parte de um grupo, sempre escolher um grupo inimigo. Desta necessidade vêm as disputas regionais. Como os homens da caverna lutavam para levar o animal morto para seu território ou impedir que o inimgo entrasse nas raias de seu chão. Assim ainda somos. Odiamos argentinos porque? Só futebol? Conseqüencia. Odeio Araraquara? Conseqüência. Conheço muitos argentinos e araraquarenses boa gente, mas é sempre aquela coisa: se me perguntarem o que eu acho, vou falar que é uma merda, que o povo é filho da puta e que a cidade é atrasada.
Não é por mal, mas com estas rivalidades se fomenta o sentimento de amor ao chão que vive. Com essa rivalidade uma cidade vai tentar se fazer melhor que a outra. E, assim, as cidades há mais de um século vivem uma furando o olho da outra, mas crescendo.

Inácio de Loyola Brandão no início da década de 90 recusou um título de cidadão são-carlense (que não deveria nem ter sido cogitado aqui). Fez o certo, e explicou o porque em uma crônica no Estadão. Para ele, a raiz da rivalidade foi a escolha da sede do bispado pela Igreja Católica na região. São Carlos era menor e mais atrasada, mas escolheram aqui como sede do episcopado. O povo de lá queria morrer de sarna de raiva. Em todas as missas, tinham depedir a Deus proteção ao Papa, ao Arcebispo Primaz do Brasil e ao Bispo de São Carlos. E contou do futebol (AFEX Paulista e Grêmio), da indústrias (Lupo, Climax...) das mulheres. Eu já cheguei a brigar em turma aqui em São Carlos e lá em Araraquara, turmas de uma cidade contra a outra. Arrumei briga com alunos do Anglo de Araraquara em um amistoso entre as duas cidades... enfim, minha vida inteira eu cresci odiando Araraquara. Motivo, muitos. Razoáveis? Nenhum, talvez um ou outro. E daí? Da rivalidade entre as cidades para se tornarem mais prósperas, as duas v6em crescendo. Uma tirando verbas estaduiais e federais da outra. E nessa, lógico, São Carlos vem levando a melhor. Somos melhores em tudo.


Em tempo: O Dog contou à prof. dra. Gladys minha teoria de que Araraquara era cidade irmã de São Carlos. "Por que ele diz isso, Douglas?", e ele respoindeu: "É que segundo ele, amigo a gente escolhe, irmão não".

Sabem qual a melhor coisa de Araraquara? A saída para São Carlos.